Curso de Imobilização tática reúne policiais penais e agentes socioeducativos

Ações simples são capazes de cessar a agressão de um detento ou jovem em cumprimento de medida socioeducativa contra os profissionais de segurança. Não é preciso ter grande força física ou ser mais forte que o agressor para, por exemplo, recorrer a movimentos de imobilização como mão de vaca, mata-leão ou uma americana.

Essas e outras técnicas estão sendo revistas ou ensinadas no Curso de imobilização tática, nesta terça-feira (31/8), para 130 policiais penais, 20 agentes socioeducativos e ainda dois analistas tributários da Receita Federal.

A capacitação segue o modelo de um “aulão”, como se fosse uma revisão às vésperas de um concurso ou exame do Enem, com duração de quatro horas na parte da manhã e mais quatro na parte da tarde, para atender o total de alunos em duas turmas. Os exercícios são realizados em um campo de futebol, na área externa da Penitenciária de Ribeirão das Neves I (José Maria Alkimin), na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

"Basta o mínimo de força e o máximo de técnica para interromper um comportamento agressivo", explica Lauro Borges, agente socioeducativo e instrutor do curso. E completa: “as técnicas trabalhadas neste curso são de grande aplicabilidade por todos os servidores da segurança pública. A principal vantagem é a contenção e redução de danos físicos para ambas as partes, agressor e o profissional da segurança”, detalha.

Grande parte dos alunos já teve contato com os golpes e imobilizações do “aulão”, seja no Curso de Formação, quando ingressam no serviço público, ou em treinamentos esporádicos. A agente de segurança socioeducativa Aline Andrade, 29 anos, faz parte deste grupo, mas destaca a importância da capacitação contínua que tem sido feita na atual gestão da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). “A troca de experiências com os policiais penais é outro ponto de destaque neste curso. Recentemente, fiz a capacitação no uso de tonfa, precisamos estar preparados para manter nossa integridade física e a dos adolescentes”.

Técnica

Mão de vaca é uma chave nas articulações; o mata-leão é um estrangulamento feito pelas costas e americana é uma torção na articulação do ombro. Para o uso correto destas técnicas basta padronização e treino, reforça o instrutor, faixa preta em jiu-jitsu, arte marcial praticada por ele há 16 anos.

Para o policial penal Ederson da Silva, 32 anos, lotado no Presídio de Santa Luzia, o aprimoramento e aprendizado de novas técnicas são fundamentais nas rotinas de qualquer unidade prisional. “É essencial manter a calma e nunca agir sozinho. São vidas em risco, é preciso saber a hora exata e como proceder em momentos de tensão”, avalia.

Nas aulas, as camisas azul-marinho de dois alunos chamaram a atenção, pois nas costas está escrito Receita Federal. São dois analistas tributários que atuam na Divisão de Repressão ao Contrabando e Descaminho. Eles ficaram sabendo do curso e tiveram interesse em aprender as técnicas. “Participo de operações da Receita Federal. Alguns colegas já passaram por situações de violência no trabalho, comigo nunca aconteceu nada, mas é bom estar preparado. As técnicas aprendidas podem ser muito úteis”, ressalta Ângelo Lisa.